Repatriados, deslocados ou refugiados? A descolonização da África portuguesa (1974-1977)

Autores/as

  • Alexandra Marques Universidade de Lisboa

DOI:

https://doi.org/10.37467/gka-revhuman.v2.706

Palabras clave:

deslocado, repatriado, descolonização, Portugal

Resumen

Este artigo centra-se na hipótese dos portugueses de Angola e de Moçambique (nascidos nesses territórios ultramarinos ou neles domiciliados) não se terem sentido repatriados nem retornados à pátria de nacionalidade, por terem sido forçados a deixar as duas antigas colónias antes das respectivas independências devido ao estado de violento conflito armado em Angola e de emergência social vigente em Moçambique. O acelerado processo de descolonização e a transferência de poderes para os governantes africanos tornou insustentável a permanência da esmagadora maioria dos ex-colonos. Muitos nacionais que deixaram a África portuguesa assumiram-se (e alguns ainda se assumem) como deslo-cados de guerra, transportados involuntariamente para um país com o qual tinham poucas ou nenhumas afinidades. Não se sentiram repatriados, mas “outsiders”, como estrangeiros indesejados numa nação que, falando a mesma língua e aplicando a mesma legislação, lhes era estranha nos costumes e na mentalidade.

Biografía del autor/a

Alexandra Marques, Universidade de Lisboa

Nascida em Lisboa (em Janeiro de 1968), é licenciada em História e jornalista de Política Nacional desde 1991. Em Fevereiro de 2010 ingressou no Programa de Doutoramento Interuniversitário em História no Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, enquanto bolseira da Fundação para a Ciência e Tecnologia do Estado português. Autora da narrativa história Segredos da Descolonização de Angola, publicado em Portugal em Maio de 2103, a sua dissertação Deixar África (1974-1977): Experiência e Trauma dos Portugueses de Angola e Moçambique (cujá defesa está prevista para o Verão de 2014) dará origem ao livro homónimo a publicar na Primavera de 2915. A área de interesse académico foca-se no estudo dos deslocados de guerra do século XX, em três fases cronólogicas: os deportados do Holocausto (1933-48), os migrantes da descolonização (1945-75) e os refugiados da África Central (1975-2000).

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Publicado

2013-03-05

Cómo citar

Marques, A. (2013). Repatriados, deslocados ou refugiados? A descolonização da África portuguesa (1974-1977) . HUMAN REVIEW. International Humanities Review / Revista Internacional De Humanidades, 2(2). https://doi.org/10.37467/gka-revhuman.v2.706

Número

Sección

Artículos de investigación