Discurso aristotélico físico e doença cardíaca na atualidade

Autores

  • Afonso Carlos Neves Universidade Federal de São Paulo
  • Paulo Guilherme Tavares de Azevedo Universidade Federal de São Paulo

DOI:

https://doi.org/10.37467/gka-revmedica.v4.853

Palavras-chave:

insuficiência cardiaca, Aristóteles, Hipócrates

Resumo

Nas décadas de 1970 e 1980, com a publicação de diversos trabalhos na área da fisiopatologia da insuficiência cardíaca, descobriu-se que determinados dados de exame físico tinham grande valor prognóstico na avaliação de pacientes com insuficiência cardíaca aguda.  A gradual composição desses elementos fez com que fosse possível estabelecer quatro “perfis” de doentes com insuficiência cardíaca aguda, co-nhecidos como “quente e seco”, “quente e úmido”, “frio e seco” e “frio e úmido”, que correspondem, respectivamente, aos estados de boa perfusão-sem edema, boa perfusão-com edema, baixa perfusão-sem edema e baixa perfusão-com edema. O uso dos termos “quente”, “frio”, “seco” e “úmido” para se referir a estados patológicos, entretanto, já fazia parte do discurso científico da Antiguidade e da obra de Aristóteles. Através de uma análise histórica e sociológica dos períodos em que cada discurso foi elaborado, pretendemos elaborar hipóteses acerca do processo de idas e vindas desses termos.

Biografia do Autor

Afonso Carlos Neves, Universidade Federal de São Paulo

Formou-se em Medicina pela Escola Paulista de Medicina em 1979. Fez Residência Médica em Clínica Geral e Neurologia de 1980 a 1982. Título de Mestrado em Neurologia pela Escola Paulista de Medicina em 1988, Doutorado em Neurologia pela Escola Paulista de Medicina em 1993, Pós-Doutorado em Neurologia na University of California - San Francisco em 1997-98, Doutorado em História Social da Ciência em 2008 pela FFLCH-USP. Coordenador do Setor de Neuro-Humanidades da Disciplina de Neurologia da EPM-Unifesp. Autor dos livros O Emergir do Corpo Neurológico, Humanização da Medicina e seus Mitos e das ficções Zykaron e Nereidas.

Paulo Guilherme Tavares de Azevedo, Universidade Federal de São Paulo

Médico formado pela Escola Paulista de Medicina – UNIFESP, atualmente é médico residente de Neurologia do Hospital São Paulo, vinculado à UNIFESP. Durante a graduação realizou pesquisas e projeto de extensão voltado para a humanização do cuidado à saúde e frequentou cursos oferecidos pelo Setor de Neuro-Humanidades da UNIFESP, tendo publicado artigos e crônicas em revistas e sites do Brasil. Atualmente tem interesse voltado para a área de Neurologia e Neuro-humanidades.

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Publicado

2015-03-05

Como Citar

Neves, A. C., & Tavares de Azevedo, P. G. (2015). Discurso aristotélico físico e doença cardíaca na atualidade . MEDICA REVIEW. International Medical Humanities Review / Revista Internacional De Humanidades Médicas, 4(1). https://doi.org/10.37467/gka-revmedica.v4.853

Edição

Seção

Artigos de pesquisa